Friday, November 30, 2007

SÓ TIEPOLO ÉRAMOS CINCO




Ainda que o Estado (ou seja, nós) pudesse ter gasto menos dinheiro, a saga do Tiepolo acabou por satisfazer a todos. Sobretudo à casa leiloeira cuja intervenção poderia ter sido dispensada, se as partes tivessem chegado a um acordo, anteriormente ao desencadear da tempestade mediática.
“O Enterro do Senhor” irá para o Museu das Janelas Verdes onde todos o poderemos apreciar. E merece.
Vejam só o que disse o grande especialista Andrew Robinson, da National Gallery of Art de Washington sobre o “remarkable Tiepolo”:

“Truly, for me that is one of is most intensely moving works ….. I personally think of it as a kind of deeply personal testament by the painter at the end of his life”

Aqui lhes deixo as imagens de dois dos outros quadros que pertenceram à mesma colecção Pinto Basto, o que foi doado ao Museu de Arte Antiga nos anos quarenta e aquele que agora se encontra em Stutgart.

Se calhar no fim de contas, ainda vou escrever sobre este, agora famoso, conjunto que foi só e mais nada de cinco obras de Tiepolo. Meteu-se-me na cabeça que hei de saber como cá vieram parar os quadros. Vamos ver o que consigo encontrar.






Sunday, November 25, 2007

BAIXELA GERMAIN & BANQUETES PRESIDÊNCIAIS


Escrevi há pouco tempo no Actual sobre a Baixela da Corte portuguesa, baseando-me em termos gerais numa bela obra de Leonor d’Orey “A Baixela da Coroa Portuguesa” (Edições Inapa, 1990), dizendo a certa altura, de minha lavra e a respeito da mesma, estas inocentes palavras:

“tendo servido aos reis serve ainda hoje aos mais altos magistrados da república para os mesmíssimos desígnios ostentatórios”

Que foste dizer! Passado tempo vejo publicado noutro número do Actual o seguinte texto:

“Relativamente ao artigo “Germain: ourives de Portugal”, publicado no passado dia 20 de Outubro no suplemento do jornal Expresso, gostaríamos de esclarecer alguns aspectos que lamentavelmente não correspondem à verdade.
A Baixela Germain já não é utilizada nos banquetes da Presidência da República há largas décadas e as peças desta mesma baixela, que outrora ornamentavam as mesas e aparadores da Sala da Ceia, foram retiradas na década de 80, atendendo à sua conservação e valorização.
Esta baixela foi objecto de um rigoroso estudo por parte da equipa do Palácio da Ajuda, publicado há 5 anos pelo Instituto Português do Património Arquitectónico. Trata-se de um trabalho que envolveu largos anos de investigação e que vem na sequência da obra da Dra. Leonor d’Orey, publicada há 16 anos, de quem aliás recebemos os mais elogiosos cumprimentos. O estudo do Palácio Nacional da Ajuda pretende dar a conhecer ao público uma renovada perspectiva histórica desta baixela. Desde a concepção das peças em atelier, passando pela sua utilização no cerimonial de Corte, a obra foca ainda a utilização destas peças nos banquetes oficiais no Palácio da Ajuda e apresenta uma tabela técnica que faculta uma visão de conjunto desta aparatosa encomenda régia.
Junto enviamos a referência desta obra, cuja divulgação desde já agradecemos.
GODINHO, Isabel da Silveira (dir. e coord.), A Baixela de Sua Majestade Fidelíssima. Uma Obra de François Thomas Germain, Ministério da Cultura, Instituto Português do Património Arquitectónico, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa 2002.

Que interessante maneira de promover uma publicação!


Ainda há quem se lembre de ver a baixela ao serviço da P. da República em banquetes lá para o fim dos anos oitenta do longíncuo século XX. Não me pesa na consciência o que escrevi!


Seja como for, até acho bem que a baixela esteja, agora, em bom recato. Assim pelo menos não lhe acontece como a algumas jóias da coroa que se foram da Ajuda para não mais voltar.


Thursday, November 15, 2007

TIEPOLO - O ARTIGO QUE NÃO ESCREVI!


Ainda agora comecei o Blog e já vou dar o dito por não dito!
É que hoje vou falar aqui num artigo que não escrevi.
Rapidamente a história.
Uma pessoa amiga tinha (ou continuará a ter) um quadro de Tiepolo, grande pintor italiano do século XVIII, uma raridade. Conheço mais ou menos a história deste, que é a mesma de outros dois (quais dois, afinal eram cinco!) que já existiram em Portugal. Dei-lhe conta da minha intenção de fazer um artigo sobre o tema. Vi o quadro, fotografei-o mas pediram-me para não fazer o artigo por razões que na altura me explicaram. Cumpri e esperei melhor oportunidade.
Agora o quadro vai a leilão em Lisboa e eu, qual marido enganado, fui o último a saber.

Paciência. A amizade, se verdadeira, aguenta tudo. Vamos continuar amigos.
Mas hei de ser o primeiro publicar a imagem, a não ser que o catálogo da leiloeira já esteja pronto e distribuído.
Apreciem as cores do grande Tiepolo!




Monday, November 12, 2007

O TRIUNFO DO PORCO




O artigo cujos extractos aqui publico foi escrito perto das eleições autarquicas de 2005 (6?), e era dedicado a alguns dos candidatos que, obviamente, ganharam!


“E o colesterol?” perguntam alguns.
Se pudesse falar, o porco responderia que ninguém nos manda cometer excessos, sobretudo quando já não temos idade para isso. Mas diria mais, que do seu pâncreas vem a insulina que ajuda os diabéticos a viver, do seu fígado vêm as células que ajudam a purificar o sangue daqueles que têm a vida presa de um transplante, da sua pele os tecidos que ajudam a recuperar os que foram atingidos pelo fogo, do seu coração as válvulas que permitem a outros corações continuar a bater. Isto é verdade porque sob muitos aspectos fisiológicos o homem é muito parecido com o porco. Diz um ditado que se “queres conhecer o teu corpo, abre e desmancha o teu porco”.
O porco vive para comer - diz-se com desdém. Muitos de nós também, digo eu. Além de que ele, tal como nós, come de tudo: carne, peixe, fruta, legumes ou cereais. Numa palavra, é omnívoro. Só que come para morrer, ou melhor, para ser morto. E aí vem o pior da história. Querem os comunitários ditadores que morra de forma industrial, ascética, inodora e insonora. E nunca mais daquela forma ritual, solidária e familiar, que são os humildes atributos da tradicional matança.
Coitado do porco.
Só a cultura, tanto a erudita como a popular (a autêntica, não a pimba, naturalmente) lhe dá o devido valor.


... ...

É o merecido, legítimo e reconfortante triunfo do porco.
Não o passageiro triunfo dos vaidosos e hipócritas suínos com que Orwell pôs a nu a ingenuidade de Marx e dos seus utópicos companheiros.
Nem tão pouco - ambivalências da política - os possíveis e lamentáveis triunfos a que, em alguns casos, vamos assistir nestes próximos dias.

APRESENTAÇÃO

Este blog foi iniciado (?) quando escrevi para o Actual do Expresso um texto com o título “O Triunfo do Porco”. Isso foi já há muito tempo e logo depois de iniciado parou, como muitas coisas em Portugal, mas não por falta de verba, mas sim de imaginação.

Desta vez vai.
Escrevo todos os meses para o Expresso, sobre antiguidades, História, histórias de antiguidades e para terminar com uma boa redundância, antiguidades da História.
Enfim, textos de divulgação, leves e por vezes curiosos. Tento não divulgar asneiras, o que nem sempre consigo.
Aqui publicarei de cada vez um resumo ou uma ou mais partes de cada artigo, começando pelos mais antigos, juntamente com uma ou mais fotografias.

Quando me der na gana falarei de outras coisas.