Saturday, March 22, 2008

ARTE EFÉMERA



A curta viagem que fiz ao Brasil de 6 a 9 de Março convidado pelo Presidente da República para integrar a comitiva cultural que o acompanhou nas comemorações da chegada da corte portuguesa ao Brasil, inspirou-me o post de hoje com base num artigo que publiquei no Expresso, há meses.

Mais uma vez sobre azulejos! Mas também sobre Brasil e arte efémera.

Eis um resumo do texto:

“Finalmente, se adoptarmos o conceito de arte em sentido lato vamos ainda encontrar uma outra arte efémera: a arte de fachada, para consumo rápido, que num determinado momento serve o poder – de uma pessoa, de uma instituição ou de um partido político - para no dia seguinte deixar de servir e ser destruída.
Os espalhafatosos casamentos que periodicamente algum grande magnate oferece ao público para deleite deste e da comunicação social, podem ser arte efémera. Assim como os carros alegóricos que desfilam pelas ruas em certas datas festivas. E a própria feijoada que há uns anos decorreu na ponte Vasco da Gama, não terá sido uma “instalação”, também efémera, porque comestível?
*
Vaidade, ilusão e utopia. Tudo isso também houve num autêntico festival de arte efémera que decorreu na cidade de Lisboa em Fevereiro de 1729 por altura do casamento de D. José com a princesa espanhola Maria Vitória de Bourbon.”

“Que ficou de tanto esplendor?
Podia concluir-se filosoficamente que tudo é efémero. A ponte, onde a princesa desembarcara e o tempo se suspendera às ordens da Fortuna, foi destruída logo nessa mesma noite por um fortíssimo temporal que se levantou no Tejo. Do resto nada ficou … em Portugal.



(O arco dos Confeiteiros)




As paredes do claustro do convento da Ordem Terceira de S. Francisco, em S. Salvador da Baía no Brasil, estão cobertas por painéis de azulejos representando a chegada da princesa Maria Vitória a Belém e o cortejo atravessando uma Lisboa meio fantasiada mas onde se pode ainda apreciar o esplendor da arte efémera joanina.Afinal tudo se transforma e o que em Lisboa foi efémero “virou” perene no Brasil.”

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