Aqui vai o resumo de um artigo sobre Freud e Da Vinci publicado há uns tempos no Expresso. Tem menos texto mas ficam a ganhar. Aqui podem ver duas fotos e quando foi editado no Actual só arranjaram espaço para uma
“Escrever sobre o abutre parece fazer parte do meu destino, pois que, entre as primeiras recordações que guardo de criança, está a imagem de uma dessas aves ter vindo ao meu berço, abrir a minha boca com a sua cauda e bater repetidamente com ela no interior dos meus lábios”.
Esta obscura frase foi escrita por Leonardo da Vinci como nota à margem de uma página de um dos seus famosos códigos, numa parte dedicada ao vôo dos pássaros.
No dia em que Sigmund Freud leu aquelas palavras ficou fascinado.
Era como se Leonardo estivesse na consulta de psicanálise e lhe falasse de viva voz. E tudo batia certo com a sua ideia de sublimação dos instintos, ficando explicados alguns traços da personalidade do grande mestre e a sua eventual homossexualidade.
O interesse de Freud levou-o a publicar um trabalho de umas dezenas de páginas, agora célebre, intitulado “Uma recordação infantil de Leonardo da Vinci”. E um aluno seu, entusiasmado com as deduções do mestre fez uma descoberta que parecia vir confirmar tudo o que ele dissera. De visita ao Louvre, ao admirar o quadro de Leonardo chamado “Santa Ana, a Virgem e o Menino” distinguiu nitidamente que o manto que envolvia a Virgem era afinal o desenho de um abutre, cuja cauda aflorava os lábios do menino!
Quem sou eu para me pronunciar sobre a teoria da sublimação de Sigmund Freud?
Só posso dizer que a admiro e aceito como boa. Mas no caso de Leonardo, ainda que a teoria lhe possa eventualmente ser aplicada, caiu pela base a história do abutre. É que no texto que Freud leu, tradução em língua alemã do original, o nome do pássaro a que Leonardo se referia estava mal traduzido: não era um abutre mas sim um milhafre. E lá se foi por água abaixo a semelhança com a deusa Mut, e a fecundação “in vento”.
Ou seja ainda que a teoria de Freud sobre a sublimação do instinto sexual seja correcta e possa ser virtualmente aplicada ao genial da Vinci, tudo o resto não passou de especulação. Brilhante, mas especulação.
Não consta que “Uma recordação infantil de Leonardo da Vinci” tenha sido um grande êxito editorial. Mas se algum mega autor se lembra do tema lá vamos ter as livrarias inundadas de Códigos do Abutre, Conspirações do Milhafre e outros títulos semelhantes.
Rodando o quadro para a direita vê-se o que seria um abutre com a cabeça em cima e o rabo junto à
“Escrever sobre o abutre parece fazer parte do meu destino, pois que, entre as primeiras recordações que guardo de criança, está a imagem de uma dessas aves ter vindo ao meu berço, abrir a minha boca com a sua cauda e bater repetidamente com ela no interior dos meus lábios”.
Esta obscura frase foi escrita por Leonardo da Vinci como nota à margem de uma página de um dos seus famosos códigos, numa parte dedicada ao vôo dos pássaros.
No dia em que Sigmund Freud leu aquelas palavras ficou fascinado.
Era como se Leonardo estivesse na consulta de psicanálise e lhe falasse de viva voz. E tudo batia certo com a sua ideia de sublimação dos instintos, ficando explicados alguns traços da personalidade do grande mestre e a sua eventual homossexualidade.
O interesse de Freud levou-o a publicar um trabalho de umas dezenas de páginas, agora célebre, intitulado “Uma recordação infantil de Leonardo da Vinci”. E um aluno seu, entusiasmado com as deduções do mestre fez uma descoberta que parecia vir confirmar tudo o que ele dissera. De visita ao Louvre, ao admirar o quadro de Leonardo chamado “Santa Ana, a Virgem e o Menino” distinguiu nitidamente que o manto que envolvia a Virgem era afinal o desenho de um abutre, cuja cauda aflorava os lábios do menino!
Quem sou eu para me pronunciar sobre a teoria da sublimação de Sigmund Freud?
Só posso dizer que a admiro e aceito como boa. Mas no caso de Leonardo, ainda que a teoria lhe possa eventualmente ser aplicada, caiu pela base a história do abutre. É que no texto que Freud leu, tradução em língua alemã do original, o nome do pássaro a que Leonardo se referia estava mal traduzido: não era um abutre mas sim um milhafre. E lá se foi por água abaixo a semelhança com a deusa Mut, e a fecundação “in vento”.
Ou seja ainda que a teoria de Freud sobre a sublimação do instinto sexual seja correcta e possa ser virtualmente aplicada ao genial da Vinci, tudo o resto não passou de especulação. Brilhante, mas especulação.
Não consta que “Uma recordação infantil de Leonardo da Vinci” tenha sido um grande êxito editorial. Mas se algum mega autor se lembra do tema lá vamos ter as livrarias inundadas de Códigos do Abutre, Conspirações do Milhafre e outros títulos semelhantes.
Rodando o quadro para a direita vê-se o que seria um abutre com a cabeça em cima e o rabo junto à
boca do menino!
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